Pode-se utilizar os aparelhos de anestesia como ventiladores em pacientes com a Covid-19?

Uma grande maioria dos aparelhos de anestesia (AA) está equipada com ventiladores que possuem e tem capacidade de ventilar pacientes em situações clínicas semelhantes aos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Entretanto, pelo uso de anestésicos voláteis durante a ventilação, o ventilador do AA (VAA) está acoplado a um circuito que permite a reinalação dos gases expirados e o reaproveitamento dos mesmos. Assim sendo, as principais diferenças entre os VAAs e os da UTI e as observações quanto ao seu uso estão descritas abaixo:

1. Presença de um Sistema de Absorção de CO2 (SACO2) dos gases expirados com um reservatório de cal sodada para a absorção do CO2.

2. Presença de fluxômetros para o controle do fluxo dos gases administrados (oxigênio, óxido nitroso e ar comprimido medicinal). A alimentação com óxido nitroso não deve ser ligada.

3. Presença de vaporizadores de anestésicos halogenados, que devem ser retirados ou esvaziados para ser evitar a administração inadvertida destes anestésicos.

4. Presença de uma Bolsa Reservatório para a realização de ventilação manual.

5. Um circuito complexo para a passagem dos gases inspirados e expirados que deve ser regularmente mantido (limpeza/desinfecção/esterilização) conforme orientação do fabricante. Este circuito é fonte de calor e umidade e deve possuir manutenção adequada.

6. Presença de um fole ou pistão (na maioria dos AA existentes no país), ou em menor número uma turbina, para gerar o volume ventilatório. Os ventiladores propulsionados por fole, geralmente, o fazem com oxigênio e apresentam um maior consumo deste gás. Em caso de baixa de suprimento, a assistência técnica pode converter a propulsão para ar comprimido. Os ventiladores propulsionados por pistão (motor elétrico) apresentam uma maior economia do oxigênio e ar comprimido.

7. Nos AA não é usada a umidificação ativa, por meio de umidificadores, e esta é realizada pelo SACO2 e guarda relação com o fluxo de gases frescos (FGF) liberado pelo operador e o estado da cal sodada. O controle da umidade pode ser ajustado com o HMEF e o fluxo de gases. Deve ser evitado o acúmulo excessivo de umidade.

8. O controle da fração de oxigênio inspirado é determinado pela mistura de oxigênio/ar Comprimido pelos fluxômetros ou controles eletrônicos disponíveis. Deve-se iniciar com um fluxo total (FGF) de 6 a 8 L/min, que é próximo ao volume ventilatório minuto, com ajuste dos fluxos de oxigênio/ ar comprimido para atingir a fração inspirada de oxigênio desejada. Quanto maior o FGF menor é a utilização da cal sodada e a produção de umidade. FGF superior ao volume minuto geralmente resulta em descarte com desperdício.

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